Lesão óssea comum em atletas, a prevenção de fraturas por estresse é simples e passa por descanso e alimentação equilibrada
O metabolismo ósseo é influenciado por diferentes fatores e forças. Os estímulos provenientes de forças mecânicas têm grande influência nesse metabolismo por desencadear os processos de modelação e remodelação óssea. Esses processos são contínuos e responsáveis pela troca permanente de células ósseas, permitindo o reforço da resistência do osso à carga mecânica e, também, a alteração da estrutura óssea.
Em atletas, os estímulos mecânicos decorrentes da atividade física excedem a habilidade natural do organismo de realizar os processos de modelação e remodelação óssea, devido a carga intensa de treinos e movimentos esportivos repetitivos, e o desgaste gerado é maior do que a recuperação óssea que acontece após os treinos o que pode ocasionar em lesões ósseas como a fratura por estresse.
Independente da modalidade esportiva, atletas vivem no limite de sua capacidade em relação a diversos processos biológicos, principalmente, relacionados ao sistema músculo esquelético. A falta de tempo necessário para a recuperação do organismo associada ao desgaste pela carga excessiva dos exercícios e aos movimentos esportivos repetitivos desencadeia um desequilíbrio no metabolismo ósseo, não sendo possível a regeneração completa e adequada da massa óssea antes do próximo treino o que, gradativamente, enfraquece os ossos e ocasiona microfraturas. Com o passar do tempo, o contínuo estresse gerado nos ossos, consequentemente nas microfraturas, associado ao desequilíbrio do metabolismo ósseo acarreta fraturas por estresse. Essa lesão óssea é o estágio final da fadiga ou insuficiência do osso comprometido devido a uma sobrecarga mecânica.
Os ossos mais afetados por fraturas por estresse são os dos membros inferiores, por receberem maior sobrecarga mecânica e sofrem maior impacto durante a realização das atividades físicas.
A fratura por estresse é causada devido a associação entre o desequilíbrio no metabolismo ósseo e a repetição de forças mecânicas que, isoladamente, não seriam capazes de ocasionar fraturas e alguns fatores podem aumentar a probabilidade de ocorrência desta lesão óssea, como:
A técnica esportiva inadequada pode ser um fator de risco, pois o atleta tem um menor controle dos movimentos esportivos, assim como, possíveis desalinhamentos corporais que ocasionam em cargas distribuídas de maneira desequilibrada. Em ambos os casos, há uma sobrecarga do sistema músculo esquelético, como articulações e ossos, aumentando a possibilidade de lesões.
A fratura por estresse pode acometer qualquer atleta, principalmente pela carga excessiva de treinos, mas em algumas modalidades esportivas, o risco desta lesão óssea aumenta devido a alguns fatores relacionados a esses esportes, como:
A fratura por estresse é considerada um quadro médico crônico, pois é desencadeada de forma lenta e progressiva, pela repetição de movimentos e impactos contínuos nos ossos. Sendo assim, no início, os pacientes podem parecer assintomáticos, com dores ocasionais que se assemelham apenas a uma lesão pontual que não necessita de tratamento específico. Com o tempo, o paciente passa a sentir dor no local da fratura com frequência, principalmente após a realização de atividades físicas e, gradativamente, o rendimento do atleta se torna limitado. Se não identificada e tratada a tempo, a fratura por estresse pode levar a uma fratura completa do osso comprometido.
Para iniciar o atendimento, o especialista avalia a história de vida do paciente, como esporte praticado e rotina de treinos. Levando em conta esses dados e o relato dos sintomas, serão solicitados exames de imagem para investigar o quadro médico.
Para realizar o diagnóstico de uma fratura por estresse, o especialista pode solicitar três diferentes exames de imagem, a radiografia (raio-X), a ressonância magnética e a cintilografia óssea. Em geral, os médicos costumam escolher a ressonância magnética e a cintilografia óssea por serem exames com maior sensibilidade que possibilitam um diagnóstico precoce, pois evidenciam a fratura por estresse já nos primeiros sinais da lesão. O raio-X, não tem a mesma sensibilidade que os demais exames, identificando apenas uma fratura por estresse já instalada em quadros mais avançados.
A partir dos resultados dos exames de imagem, o especialista irá determinar qual é o tipo de fratura por estresse presente no paciente e o grau de acometimento do osso lesionado. As fraturas por estresse podem ser classificadas de acordo com a área lesionada:
Além dos exames de imagem, o especialista pode solicitar também uma avaliação nutricional e exames para investigar distúrbios hormonais, pois ambos os fatores podem influenciar em um quadro médico de fratura por estresse e, por isso, precisam ser acompanhados para obter melhores resultados no tratamento.
O tratamento para uma fratura por estresse se baseia, principalmente, na classificação de risco e gravidade da lesão, por isso é fundamental o acompanhamento com um especialista para que ele possa avaliar o quadro individualmente e recomendar o melhor tipo de tratamento para cada paciente. Além disso, o especialista também irá levar em consideração os resultados dos exames nutricionais e hormonais para que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar e possa receber o tratamento mais adequado e completo para sua condição médica. O tratamento pode ser realizado em 3 etapas para garantir uma recuperação completa e um retorno mais seguro para as atividades esportivas.
Nesta etapa, o paciente deve se afastar de atividades físicas que sobrecarregam o local da lesão e requer cuidados específicos para controle do quadro agudo, por isso, gelo e fisioterapia são essenciais para auxiliar no alívio da dor. O acompanhamento multidisciplinar para corrigir eventuais déficits nutricionais e distúrbios hormonais deve começar já nesta etapa de tratamento. O especialista pode indicar o uso de muletas ou imobilizar o local da fratura, pois esses cuidados auxiliam na recuperação mais rápida do desequilíbrio no metabolismo ósseo. Em fraturas por estresse de baixo risco, o uso de muletas e a imobilização são necessários por um período curto, mas em fraturas por estresse de alto risco, o uso desses recursos pode ser prolongado e em casos mais graves a cirurgia pode ser necessária.
Na segunda etapa de tratamento, o acompanhamento multidisciplinar deve ser mantido. O atleta pode iniciar a reabilitação específica para o esporte praticado, com foco na melhoria de fraquezas e desequilíbrios musculares, além da realização de manutenção aeróbica.
Na terceira e última etapa do tratamento, o paciente deve manter o acompanhamento multidisciplinar e já é possível a retomada gradual da atividade esportiva específica, em dias alternados. É essencial que o atleta faça uma avaliação de potenciais erros de treinamento junto com a equipe de treinadores, médicos e fisioterapeutas.
Alimentação equilibrada e rica em nutrientes necessários para a realização das atividades físicas, hidratação frequente e sono regulado são os melhores cuidados para prevenção de lesões como a fratura por estresse, pois possibilitam a reposição do gasto energético e o reparo necessário do organismo para a realização da próxima atividade. O tempo de descanso entre os treinos é fundamental para proporcionar o equilíbrio do metabolismo ósseo e deve fazer parte da rotina do atleta, ser seguido com disciplina, assim como as atividades físicas.
Além disso, é importante que o atleta realize fisioterapia esportiva contínua para fortalecimento muscular e melhora da flexibilidade. Realizar o treino em etapas e atividades de propriocepção também são recomendados como prevenção para fratura por estresse, assim como são importantes na prevenção de outras lesões. É importante reforçar que o atleta obtenha um acompanhamento com uma equipe interdisciplinar e assim possa melhorar seu desempenho esportivo.
Cuidados com sono e alimentação e um acompanhamento multidisciplinar contribuem para a melhora do desempenho esportivo.
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