Sinal de Dragona: Riscos e sintomas da luxação anterior do ombro

Entenda o que é o sinal de dragona e outras informações sobre luxação do ombro  

Lesões na articulação do ombro são comuns e a maior parte dos casos envolvendo deslocamento de articulações está relacionada ao ombro. Isso se deve, em parte, porque a articulação do ombro tem grande mobilidade, mas é mais instável que as demais articulações do nosso corpo.

A luxação anterior do ombro é o tipo de luxação mais frequente e acomete principalmente atletas devido a sobrecarga mecânica para realização dos movimentos esportivos.

O sinal de dragona é uma das principais indicações de uma lesão na articulação glenoumeral: a luxação anterior do ombro. Confira neste artigo o que é o sinal de dragona, as principais causas e sintomas da luxação anterior do ombro e quais são os principais riscos associados a essa lesão.

Sinal de Dragona

Quando um paciente sofre uma luxação anterior do ombro é muito comum que essa articulação apresente uma deformidade, pois devido ao deslocamento, o ombro perde sua curvatura natural, apresentando uma forma reta, um “vazio” no lugar onde deveria estar a cabeça do úmero (osso do braço).

Essa deformidade apresentada em pacientes com uma luxação anterior do ombro é chamada pelos médicos de sinal de dragona, que faz referência à vestimenta utilizada por militares, que possui o ombro quadrado, sem curvatura.

Articulação do Ombro

Em termos médicos chamada de articulação glenoumeral, a articulação do ombro é formada por um tipo caracterizado como ‘bola-encaixe’. A bola se refere a parte superior e arredondada do úmero e o encaixe se refere a glenóide que possui uma cavidade para o encaixe da cabeça do úmero. Para reforçar essa ligação, a articulação do ombro conta com diversos ligamentos, tendões e músculos.

Toda essa estrutura da articulação glenoumeral permite aos ombros e membros superiores uma ampla gama de movimentos, tornando a articulação do ombro a mais flexível de todo o corpo humano.

Porém, para ter toda essa mobilidade, a articulação do ombro perde estabilidade, o que facilita lesões em suas estruturas, como a luxação anterior do ombro.

Luxação anterior do ombro

A luxação do ombro acontece devido a um deslocamento dessa articulação. Devido a perda do contato articular entre as partes que a formam, que são a cabeça do úmero e a glenóide, a articulação sofre um deslocamento. Em termos médicos, essa é uma luxação.

A luxação do ombro pode ser de diferentes tipos, sendo a luxação anterior do ombro a mais comum entre os atendimentos registrados, representando 85% dos casos. Entre os casos de luxação anterior do ombro, 7% são de atletas, principalmente atletas que praticam esportes de contato, musculação ou overhead sports (natação, vôlei, basquete, etc.).

Causas

A maior parte dos casos de luxação anterior do ombro é ocasionada por traumatismo indireto, como quedas com a mão apoiada ao solo. Mas também, a tração e torção da articulação também pode ocasionar no deslocamento do ombro, como em casos em que o atleta vai arremessar uma bola e é bloqueado pelo adversário.

Em alguns casos, a luxação anterior do ombro pode ser ocasionada pela frouxidão dos ligamentos dessa articulação o que acarreta em uma instabilidade multidirecional.

Sintomas

O sinal de dragona é um sintoma clássico de luxação anterior do ombro. Mas, os pacientes acometidos por essa lesão podem apresentar outros sintomas como:

• Dor intensa;
• Hematoma;
• Perda de mobilidade;
• Frouxidão ligamentar.

Riscos

Após uma luxação anterior do ombro, a instabilidade da articulação glenoumeral tende a ser maior o que aumenta o risco de lesões associadas, como:

• Rompimento dos ligamentos e do labrum;
• Lesões ósseas;
• Lesões do manguito rotador;
• Lesões neurológicas;
• Artrose.

Além dessas lesões, outro risco associado a luxação anterior do ombro é a luxação recidivante.

Luxação Recidivante

Caracterizada por novos deslocamentos ao realizar atividades esportivas e até mesmo dormindo, a luxação recidivante é frequente em pacientes já acometidos por essa lesão, principalmente em atletas e jovens com menos de 30 anos.

A cada novo deslocamento, há um desgaste de todas as estruturas de estabilização da articulação, o que torna o quadro progressivo e de difícil resolução. Com o passar do tempo, sem o tratamento adequado, as lesões pela luxação anterior do ombro podem se tornar crônicas, impactando na funcionalidade da articulação e na qualidade de vida do paciente.

Por isso, é fundamental que ao sofrer uma luxação anterior do ombro o paciente procure a orientação e acompanhamento de um médico especialista em ombro e cotovelo para indicação do tratamento adequado.

Diagnóstico e Tratamento

Salvo raras exceções, a luxação anterior do ombro exige um atendimento de emergência, não só pela dor intensa apresentada pelo paciente, mas também pela necessidade de uma redução para colocar a articulação no lugar e corrigir a deformidade do ombro, o sinal de dragona.

Ao caminho do atendimento de emergência, especialistas recomendam que o paciente mantenha o braço apoiado para evitar maiores danos à articulação e faça compressas de gelo para auxiliar no alívio da dor.

No exame físico, o médico procura entender o trauma que ocasionou na luxação do ombro, avalia o sinal da dragona e realiza um exame neurológico e vascular completo do membro afetado. Caso o paciente chegue ao hospital com o ombro já reduzido (colocado no lugar), o profissional pode avaliar a instabilidade da articulação do ombro por meio de um exame chamado de teste de apreensão.

Além disso, é solicitada uma radiografia para avaliação geral da luxação anterior e para que o médico possa utilizá-la como guia para determinar qual é a melhor manobra de redução para colocar a articulação em seu lugar natural.

Após a redução, são realizados novos exames de imagem como radiografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Esses exames são importantes para avaliar o resultado da redução, se existem fraturas associadas à luxação anterior do ombro ou outras lesões de tecido mole. Pode ser necessário um exame para investigar possíveis danos neurovasculares.

Em casos de luxação anterior de ombro, o médico pode determinar tratamento conservador ou cirúrgico. A escolha do médico vai ser influenciada por fatores como gravidade da lesão, idade do paciente, lesões associadas, trauma que ocasionou a luxação entre outros.

O tratamento conservador consiste na combinação de medicação (analgésicos e anti inflamatórios), repouso, uso de tipóia e compressas de gelo. Já a cirurgia pode ser realizada por artroscopia ou aberta, a depender dos mesmos fatores avaliados para determinar o tipo de tratamento.

A fisioterapia é parte fundamental de qualquer dos tipos de tratamento para garantir o alívio da dor, mas também, para fortalecimento muscular e estabilidade articular.

A luxação anterior do ombro é uma lesão que necessita de acompanhamento médico especializado para evitar complicações e perda da mobilidade desta articulação. Agende aqui sua consulta com um médico ortopedista especializado em ombro e cotovelo.